Quando eu penso em mudar de vida;
Vem de novo uma eleição;
Vem um político;
Vem gente de montão;
Vem na minha casa;
Gente que nunca vi;
Me trazem umas papeladas;
Coisas que não pedi;
É uma tal de campanha eleitoral;
Que traz fotos de candidatos;
Traz também promessas;
E pede votos pro curral;
Só conheço seu moço, curral de boi;
Tem um nos fundos da casa;
Se esse lhe serve vá depressa;
Mas volte logo que a vaca é braba;
Não braba como antes;
Coitadinha só quer água;
Mas esse povo não entende;
Porque vive em terra distante;
Não sabe o que é o sertão;
Só conhece a cidade;
Só vive na televisão;
Mas não conhece a realidade;
Mas como eu lhe disse;
Se esse curral lhe servir vá depressa;
Vá e volte logo;
Já chega de disse e me disse;
Vejam só!
Era só o que me faltava;
Era só o que me faltava;
Curral eleitoral;
Que conversa afiada;
Homem da capital;
Você pra lá;
E eu pra cá;
Melhor assim doutor;
Cada um no seu lugar;
Eu quero é mudar de vida;
Vão andando que já é tarde;
A minha vaca é minha amiga;
Muito prazer e já vão tarde;
Cabra frouxo é o que são;
Não quero papel;
Volte com o seu curral;
Volte para a capital;
Eu fico aqui com o meu sertão.
Com a gratidão de sempre,
Edinaldo AbelEdinaldo Abel/Recanto das Letras