segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Eu e o sertão


Quando eu penso em mudar de vida;
Vem de novo uma eleição;
Vem um político;
Vem gente de montão;

Vem na minha casa;
Gente que nunca vi;
Me trazem umas papeladas;
Coisas que não pedi;

É uma tal de campanha eleitoral;
Que traz fotos de candidatos;
Traz também promessas;
E pede votos pro curral;

Só conheço seu moço, curral de boi;
Tem um nos fundos da casa;
Se esse lhe serve vá depressa;
Mas volte logo que a vaca é braba;

Não braba como antes;
Coitadinha só quer água;
Mas esse povo não entende;
Porque vive em terra distante;

Não sabe o que é o sertão;
Só conhece a cidade;
Só vive na televisão;
Mas não conhece a realidade;

Mas como eu lhe disse;
Se esse curral lhe servir vá depressa;
Vá e volte logo;
Já chega de disse e me disse;

Vejam só! 
Era só o que me faltava;
Curral eleitoral;
Que conversa afiada;
Homem da capital;

Você pra lá;
E eu pra cá;
Melhor assim doutor;
Cada um no seu lugar;

Eu quero é mudar de vida;
Vão andando que já é tarde;
A minha vaca é minha amiga;
Muito prazer e já vão tarde;

Cabra frouxo é o que são;
Não quero papel;
Volte com o seu curral;
Volte para a capital;
Eu fico aqui com o meu sertão.

Com a gratidão de sempre,
Edinaldo Abel

Edinaldo Abel/Recanto das Letras

sábado, 17 de dezembro de 2011

Pedaços


Folhas secas,
Jogadas ao vento.
Vidas secas,
Olhares ao relento.

Janelas entreabertas,
Chuva fina no telhado,
Uma dor que me aperta,
Pedaços de um amor guardado.

Seu olhar entristecido,
Minhas mãos frias,
Suas mãos suadas,
Meu desejo proibido.

Agora mais vivido,
Mais intenso,
E mais proibido,
Talvez!

Não como antes,
Pedaços;
Pedaços de uma vida,
Valores quebrados.

Juntos agora,
Unidos como o aço,
É o amor que devora,
E que junta os pedaços.

São laços!
É poeira!
São pedaços!
É a vida!

Mais vivida;
Mais querida;
Mais amada;
Mais amor.

É o amor que devora;
Mais vivido,
Mais intenso e proibido,
É a vida.

É você em mim,
É meu pensamento em você;
Pedaços juntados,
Valores sem fim;
Sou eu em você,
É você em mim.


Com a gratidão de sempre,
Edinaldo Abel


A Janela


A vida passa;
Na minha janela;
Ás vezes ela se fecha;
Em outros momentos ela se abre;
No momento em que está fechada;
É quando me sinto mais triste;
Mas volto a sorrir quando ela se abre;
Posso sentir o calor do sol da manhã;
E contemplar o balanço das folhas das árvores;
Na rua garotos jogam futebol;
Os passarinhos quase já não aparecem;
As árvores também já não são muitas;
Mas as que restaram me servem de inspiração quando estou na janela;
O vento me leva e me traz, feito o balanço das folhas das árvores;
Que saem voando com qualquer brisa;
A mesma brisa que sopra a noite na minha janela;
A vida passa;
Janelas se fecham;
Janelas se abrem.

Com a gratidão de sempre,
Edinaldo Abel