sábado, 15 de dezembro de 2012

DIA DE FESTA


Era um entra
E sai de gente
Tinha gente por
Toda parte.

Era uma correria
A casa estava cheia
Tinha gente bonita
Tinha gente feia.

Cada mulher no seu lugar
As bonitas no sofá
As feias nas cadeiras.

O povo ia chegando
A casa cada vez mais cheia
Era dia de festa
Tinha gente bonita
Tinha gente feia.

O compadre elogiava o primo
Tia Anastácia falava
Coisa feia.

Zé pezão era só insulto
Mexia com um
Mexia com outro
Arrumava intriga até na cadeia.

Maria fofinha agradava
Um, agradava outro.
Devagarzinho arrumava
A ceia.

Cada vez chegava mais gente
Gente bonita e gente feia.

Vinha gente de longe
E vinha gente de perto
Todo mundo
Esperando a ceia.

De tudo se conversava
E das bobagens que se escutava
Até cachorro torcia o nariz
Fazendo cara feia.

Quando a festa acabava
A casa silenciava
Gente bonita ia embora
Só ficava gente feia.


Com a gratidão de sempre,
Edinaldo Abel

domingo, 8 de julho de 2012

O rei


Se eu não fosse rei
Eu não saberia
O que hoje eu sei

Por tudo que passei
E quantas vezes caí
Agora só eu sei

Mas sobrevivi
E estou aqui pra contar
O que só eu sei

Perdi a conta
De quantas vezes
A minha própria sombra
Afastou-se de mim

E de quantas vezes
A procurei
E não a encontrei

Só eu sei
Porque sou rei
O quanto já amei
E o quanto me feri

As batalhas que perdi
E as marcas no caminho
Por onde eu passei

Disso ninguém mais sabe,
Só eu sei

Só eu sei por que sou rei


Com a gratidão de sempre,
Edinaldo Abel



sábado, 9 de junho de 2012

A rua


Calada,
a rua respira
a fumaça dos cigarros
saindo dos bares.

São quase três da manhã,
ela observa
o taxi que passa vazio.

Vê a chuva fina
molhando o telhado das casas,
escuta dois homens bêbados,
passando por ela,
cantando na chuva,
até que eles viram a esquina.

O taxi se perde de vista,
a noite silencia,
a chuva para,
e a rua finalmente dorme
às três da manhã.


Com a gratidão de sempre,
Edinaldo Abel

sexta-feira, 30 de março de 2012

Estátuas


As estátuas estavam
Todas
Estavam
Todas sorrindo
                        [ironicamente.

Não abriam a boca,
Mas sorriram
                      [pra mim
Todas sorriam
Friamente falsas
Na noite escura da praça.

Com a gratidão de sempre,
Edinaldo Abel

terça-feira, 6 de março de 2012

Vizinhos

No brilho desta manhã,
O teu corpo me aquece,
Fica entre tu e eu,
Esse nosso segredo.

Como testemunhas, o sol,
E as pedras que rodeiam este lugar,
Como vizinhos que somos,
É melhor que eu morra primeiro.

E já que tomamos esse caminho sem volta,
Deixamos de lado as nossas mentiras,
Esqueçamos nossas revoltas,
E os tantos anos de intrigas.

Já não precisamos de roupas,
Nem fingir inimizade,
Agora sou teu,
E tu és minha infinita liberdade.

A minha morada,
Também é tua,
E os muros de nossos quintais,
Transformaram-se em pontes.

Pontes que nos trouxeram até aqui,
A essas pedras!
Então jogamos fora os porquês,
Sem nenhum sentimento de culpa.

Para os outros morremos hoje,
E talvez seja um dia triste,
Difícil de ser aceito
Pelas nossas famílias.

Mas o que deixamos?
Dor, inveja, brigas!
E nenhuma semente,
De uma árvore frutífera.

Aceitamos ser infelizes na vida,
Quando negamos o nosso amor,
Mas agora que a tenho,
Não a perderei jamais.

Então eu vou primeiro,
E você vem logo em seguida,
Pra que eu não me sinta sozinho,
E juntos celebrarmos nossas vidas.

Seremos eternos,
Como também,
Será eterno o nosso amor,
Viveremos bem.

Ficaremos bem,
Vem,
Vem,
Vem.

Com a gratidão de sempre,

domingo, 29 de janeiro de 2012

Pedro


A lua brilhava!
Quando Pedro,
Decidiu pular da ponte.

Jurava ser rei,
Dizia ser forte,
Não passava de um brutamonte.

Queria o amor de Maria,
Queria o amor de Luzia,
Queria o amor de Sofia.

Pedro queria,
Queria,
Queria.

Na noite em que enlouqueceu,
Subiu ao topo do monte,
Pedro queria,
Queria,
Queria.

Queria o amor de Maria,
Queria o amor de Luzia,
Queria o amor de Sofia,

Pedro pulava da ponte.

Com a gratidão de sempre,